Não escolhemos o tempo que nos toca viver. Estar lançados no mundo é próprio da existência humana e constitui uma das dimensões da nossa historicidade –a mais evidente, a mais dura de todas, a mais difícil de aceitar.Mas o próprio tempo não é simples. Sob a sua configuração histórica num estado de coisas concreto, o tempo não deixa de fluir segundo uma pluralidade de linhas intempestivas que aguardam a nossa adesão e o nosso compromisso para devir mundo – e essa é outra das dimensões da nossa historicidade.Que a noite não se abata definitivamente sobre nós depende de uma infinidade de palavras, imagens e gestos que desafiam, ingénua mas essencialmente, as leis da entropia e a loucura do mundo. Este livro apenas pretende resgatar momentaneamente algumas dessas coisas do desaparecimento ao que se encontram condenadas.