AHO (abreviação de “Amanhã Hoje é Ontem”) é um achado. Quantas frases para sublinhar – fui sublinhando várias; quantos parágrafos inteiros para reler em voz alta aos amigos mais queridos; quantas pausas para fazer, entre uma descoberta e outra, só pra tomar fôlego, enxugar lágrima e repensar – e muito – a nossa maneira de encarar a vida e sua companheira inseparável, a morte, esta que, muitas vezes, insistimos em ignorar.Poético – sem ser piegas em momento algum – e potente (escrito com a coragem do coração), AHO é um livro raro, desses que, depois de fechados, continuam abertos dentro de nós. Imagem de caco de vidro na areia da praia. Imagem de gato prestes a partir nos nossos braços. Imagem da caminhada lenta rumo ao mar, com a cabeça nua, despida de um chapéu difícil de tirar. Iluminuras impressas na nossa memória com extrema delicadeza pela jornalista – e poeta e filósofa e mãe – Daniella Zupo. Pra encerrar, um trechinho só desta joia que você tem nas mãos. É pra ler em voz alta e compartilhar:“A morte é feita do mesmo rio que a vida. Um dia a gente entra nesse rio. Um dia a gente não sai mais. Morrer é esse mergulho que a gente dá na vida e fica lá… dentro dela.” O rio me disse. Eu sei. Agora eu sei também.AHO!
Marcel Souto Maior