A poesia de “Eclipse” é claramente influenciada por ideias surrealistas, Garcia Lorca e Roberto Piva também trazem imagens recorrentes nessa obra, que faz parte do movimento nèon simbolista, que também é amplamente divulgado pela poeta curitibana (e grande amiga de Junqueira) Andreia Carvalho Gavita. Os poemas de “ Eclipse” são (quase) todos lunares, verticais e imbuídos de referências clássicas e da cultura pop, que se confundem e se misturam com a própria mitologia da cidade ressignificada, o culto ao belo, à vênus, à juventude e também vários aspectos do homoerotismo. Nessa nova edição de “Eclipse” além de poemas inéditos, pode-se apreciar o trabalho do fotografo Ditto Leite ( Toda nudez será fotografada) que no mês de janeiro de 2016 fotografou o autor em sua casa.
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Nem se Rimbaud te comessePiva te lambesse o raboe numa suruba do diaboFellini Contini bebesseNem se encontrássemos as cinzas de Calígulae nos coroassem dedos, serpentes e HerasNem que o próprio César de púrpura se vistae Cleópatra o fume em meio maço de ferasNem se Moisés e Abrãaojuntos, auroras azuis me abrissemNem se Pandora me Selassiêem sua caixa com um feixee os espectros de Querelle me cuspissemmesmo assim, eu não desistiriaseguiriasolitário peixeMe deixenavegar em labirintos escurosmares turbulentosfestas, óperas e apurosNão peço socorrome sujo, me rasgo me permito ser gente.e despencar beat do alto morroquilate pingente.
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