Uma Amazônia com suas veias abertas, destruída, em nome do progresso – o gado, a soja e a busca do ouro. Romance de múltiplas personagens, Sangue verde revela um escritor audacioso em plena maturidade, capaz de sustentar, capítulo a capítulo, a veracidade do enredo e seu clímax comparável aos grandes romancistas. Ele vasculha e desnuda o Cerrado e a Amazônia, as regiões de nossas fronteiras agrícolas – esse vasto trecho do território nacional que estrangeiros palmilham, vasculham e cobiçam.Realista, objetivo e fantástico, David Gonçalves imprime nesta narrativa fortes colorações e mistérios, emoções, angústias, desencantos, denúncias e, sobretudo, um mundo caótico à mercê dos mais fortes. O universo é a floresta, com seus rios misteriosos e igarapés, com seus caboclos, índios, garimpeiros, fazendeiros, madeireiros, jagunços, políticos e religiosos – universo cheio de interesses e ambições, com tratores gigantes e correntões, motosserras, caminhões de toras e corrida ao ouro. Nele, o leitor detecta contínuas mudanças físicas e humanas, um constante resvalar em direção do místico, do irreal.Sangue verde é denúncia, advertência, um grito angustiante da floresta pedindo socorro. Confundem-se e harmonizam-se, encaixam-se e entrosam-se natureza e criaturas, misticismo e ambições desenfreadas, paixão e aventuras, fundindo seres e coisas, numa sólida unidade e dinâmica coesa. Paisagens, pessoas, animais se interpenetram, prendem-se uns aos outros, num enredo singular.Sem lei e sem rumo, enquanto as veias abertas da floresta vertem o sangue verde, as personagens parecem viver num caldeirão de interesses próprios, destituídos de moralidade, um universo doentio e formação.
Romance para ser lido de um só fôlego!