“… O olhar comprido de Christopher acompanhou o rastro de poeira até o veículo desaparecer do outro lado da colina em um túnel de árvores. – Vamos – insistiu o tio-avô, apanhando as malas. – Está frio.“Bem-vindo a minha casa”, não fora isso o que dissera a aranha para a mosca?E a porta grande de madeira fechou-se às costas do garoto num rangido demorado.Todo o universo até então conhecido por Christopher foi separado dele no lado de fora.(…)– … Aposto que disseram a você que há monstros habitando o porão desta casa: vampiros, lobisomens, feiticeiras, múmias…– E mortos-vivos – acrescentou o menino, recordando-se de uma prima.– Ah, sim, sim… Claro, não poderiam faltar: os mortos-vivos! Enterrados no chão barrento, cavando e cavando até suas mãos esqueléticas emergirem. Depois, dançariam ao redor da casa ao som de Thriller… E quanto aos fantasmas? Arrastando correntes enferrujadas pelos corredores, resmungando da vida e da morte, feito o seu nobre e infeliz colega de Canterville…”
O AUTOR:Eu colecionava os gibis de terror da Ed. Taika.Ganhei “Frankenstein”, de Mary Shelley, aos treze anos.Deliciava-me com o sinistro Drácula de Nico Rosso e o galante Lobisomem de Sérgio Lima.Assistia aos filmes da Hammer, tendo Christopher Lee e Peter Cushing por ídolos.E lia pelos cantos as edições de bolso da série Trevo Negro, escritas pelo legendário R. F. Lucchetti, a quem a presente história simboliza um humilde agradecimento.Desenhei diversos monstros desde os tempos de criança.Ah, sim, fui um garoto que amava os monstros. Apavoravam-me, mas eram meus amigos.