Afropoéticas e outros mares é meu livro de estreia na poesia. Reuni poemas feitos em diferentes momentos, contextos e épocas da minha vida. São poemas que traduzem minhas percepções sociais, políticas, imagéticas e sentimentais do que vivi. São poemas que, de certo modo, fotografam um recorte da minha vida adulta, passando pela formação acadêmica, pelo ativismo negro e por vivências na cidade do Rio de Janeiro e outros cantos do Brasil por qual passei.
O nome afropoéticas não se pretende original. No entanto, afropoéticas é uma tentativa de ancorar um certo lugar temático e ao mesmo tempo político dos poemas aqui reunidos. Acredito que poesia é uma linguagem aberta, que pode tocar, emocionar ou comunicar diferentes sentimentos para as pessoas, independemente das identidades sociais que carregam ou que venham a construir. Porém, meus poemas inscrevem-se em uma tradição de poetas negros e negras de diferentes épocas.
É nesta dimensão então que gostaria de ser lido. A poesia em si não muda nada. O que pode vir a mudar somos nós, nossos olhares, a intensidade de nossas paixões, os amores e ódios que nos transmutam o tempo todo.