Em tempos em que transformamos a morte numtabu — “melhor não falar dela, porque pode atrair!”— este ensaio, perspicaz e provocador, da pensadoraScarlett Marton, nos recorda que este acontecimentonão é um mero detalhe de nossa existência. Trata-seda maior e mais definitiva ruptura. Para alguns o fim;para outros uma passagem; para outros, ainda, umachance de recomeçar. Assunto comum às religiões, amorte não é um tema menos importante para a Filosofia,para a Literatura, para a Psicanálise, para a História,para as Ciências Naturais. Ao lado da pergunta pelaorigem, ela se apresenta como o mais profundo mistériohumano. E frente a isso que se mostra, pelo menospor enquanto, como nosso destino irremediável, talveztenha chegado o momento de retornarmos à sabedoriado antigos Gregos, que com seu exercício damelete thanatou tornavam a morte algo familiar.Depois disso então, poderemos, como Sêneca em suacarta 12, afirmar que uma vida inteira deve caber num dia:“No momento de dormir, digamos com alegria e como semblante risonho: eu vivi”.