Pensando na Sociologia do Esporte… Quando me coloco nesse exercício intelectual e reflexivo, inevitavelmente, me ocorre alguns momentos e iniciativas que delimitaram, e porque não dizer, determinaram caminhos, encontros e realizações.Recordo, por exemplo, do ano de 2007, na cidade de Guadalajara, no México, quando um significativo grupo de pesquisadores e estudiosos latino-americanos do esporte ser reuniram numa sessão temática do Congresso da Associação Latinoamericana de Sociologia/ALAS.Naquele momento surgia uma audaciosa iniciativa de organizar minimamente esses profissionais, e seus respectivos trabalhos e produções, em torno de um lócus acadêmico que pudesse legitimar e consolidar um espaço institucional para a Sociologia do Esporte.Contudo, a ideia preliminar sobre essa área de conhecimento parecia um tanto quanto “restritiva”, assim sendo, entendeu-se que os estudos socioculturais do esporte contemplariam a magnitude e os objetivos desejados daquele grupo. E, nesse contexto, resumidamente exposto, é que a Associación Latinoamericana de Estudios Socioculturales del Deporte/ALESDE nasce.A partir de então, pesquisadores, estudiosos e, fundamentalmente, amigos criados nessa ambiência, foram efetivamente se encontrando e trocando suas experiências, compartilhando seus conhecimentos e produções nos Congressos que se sucederam, em 2008 na cidade de Curitiba, Brasil; em 2010, Maracay, Venezuela; em 2012, Concepción, Chile; em 2014, Bogotá, Colômbia, e agora em 2016, em Puebla, no México.Esse primeiro pensamento, ou reflexão, sobre a Sociologia do Esporte tem um ponto em comum com o atual estágio da área e, objetivamente, com a proposta da obra que o professor Marco Bettine organiza para a comunidade científica e acadêmica, a saber, a interdisciplinaridade.Ao analisar preliminarmente os “Estudos Interdisciplinares em Sociologia do Esporte”, tenho a percepção de que os objetivos elencados e determinados inicialmente na e para a ALESDE, constituíram-se em aspirações de um grupo de abnegados nos estudos socioculturais do esporte e que, ao longo do tempo, serviram, implícita ou explicitamente, de inspiração e motivação para outros colegas em determinadas propostas e ações.Dito de outra forma, fica a sensação confortante e edificante de ver uma obra sendo organizada com um número expressivo de qualificados agentes do universo acadêmico, tratando de temáticas extremamente relevantes e atuais balizadas por várias áreas do saber, ou seja, a interdisciplinaridade se faz presente, e melhor, de maneira consistente.A porosidade das fronteiras estabelecidas entre as ciências manifesta-se positivamente no diálogo e na construção do conhecimento. A crítica que durante muito tempo decorreu por conta da suposta delimitação dos espaços, e por decorrência, do abuso de uma pretensa “autoridade institucionalizada”, cai por terra e abre espaço para estudos, pesquisas e produções, como a presente obra, que nos brinda com refinadas articulações e diálogos interdisciplinares sem vícios ou rancores acadêmicos.Esse é um dos principais destaques observados nos textos aqui presentes, saber transitar e dialogar com várias matrizes teóricas, relacioná-las com objetos específicos de estudos, tendo como pano de fundo a complexidade social do esporte contemporâneo e seus diversos questionamentos.Acredito que o cenário atual da Sociologia do Esporte, em contextos nacionais e internacionais, transita por essa questão originariamente levantada em 2007, ou seja, trabalhar a polissemia do esporte a partir de construções interdisciplinares. E o esforço e competência do professor Bettine materializa-se como uma dessas ações para atender tal demanda.Ao parabenizar organizador e autores, fica o registro e o convite aos leitores a percorrer nesses capítulos um universo de possibilidades que as Ciências Humanas e Sociais nos oferece.