Não há nada mais estarrecedor e revoltante do que quando nos deparamos com uma situação que nós, meros espectadores, concluímos ser algo fora de nossa alçada.O que quero destacar neste livro são as mazelas de um garoto que mal saiu da infância e já enfrentou destemidamente os perigos dentro de um seio familiar desmantelado. Viveu na rua, experimentou o sexo prematuramente, teve acesso às drogas e à violência — praticamente uma vida fadada ao abismo.Dada às circunstâncias, a sociedade o julgava como alguém sem perspectiva, um perdido na vida, deixando subentendido que nada mais poderia ser feito para que sua subsistência fosse revertida. O Príncipe Sem Pudor é um tapa na cara do leitor, onde são apresentadas situações-problemas que, na grande maioria das vezes, não são resolvidas; e se o são, nunca por completo, pois diante da hipocrisia, tendemos a colocar vendas nos olhos. Mesmo sendo um livro de ficção, sua trama foi focada em análises e observações; quase um tratado empírico, com alguns punhados e achados de várias histórias que, no final, se entrelaçaram, compondo um panorama completo de realidades que poucos conhecem, mas muitos julgam e censuram.