O livro “A memória na Revolução Federalista” traz um pequeno recorte da guerra civil que ocorreu no Rio Grande do Sul e espalhou-se por Santa Catarina, Paraná e até mesmo países vizinhos como Uruguai e Argentina, a partir dos registros feitos por autores que também foram atores do conflito, isto é, que participaram da guerra e deixaram apontamentos que viriam, após seu encerramento, serem publicados sob a forma de livro.
Desse modo, o objetivo e razão de ser deste pequeno estudo é trazer ao debate a guerra civil que, por ser considerada fratricida, foi condenada ao esquecimento duas vezes, – por traumas e feridas não-cicatrizadas, ou propósitos políticos pontuais e específicos, (lá em seu princípio) ou por desinteresse (preconceito acadêmico/midiático) – mas que nunca foi apagada na sua forma de memória, em registros pessoais, diários, relatos, os fatos, dramas e episódios escritos por quem viveu o conflito.
Conforme a relevância histórica de cada um, estabelecida a partir de seu uso pela historiografia, é o detalhamento que daremos de cada diário aqui apresentado, dando o merecido destaque para Ângelo Dourado e seu clássico Voluntários do Martírio, tanto pela sua extensão e riqueza de detalhes, quanto pelo largo uso que se fez dele como fonte para a narrativa do conflito armado que opôs maragatos e pica-paus.
Em suma, é à memória daquilo que foi para se esquecer, que surge a proposta do presente livro, em brevíssima, despretensiosa e introdutória abordagem.