Novela em “ficção possível” romanceada.
Enredo apresentado em cenas com detalhes aparentemente pueris que se encaixam ao longo do desenrolar da estória e que mesclam o possível e o impossível num mesmo campo. O conjunto de possibilidades associado ao conflito central – “o mundo pode ser melhor?” – redesenha a visão social sobre diversos aspectos das relações humanas atuais.
Os conceitos se engalfinham e se digladiam, sejam eles científicos, filosóficos, religiosos ou psicológicos, a fim de nortear aquela visão sobre a realidade. O autor mostra fatos captados no dia a dia virtual e real e os analisa sob duas óticas: as das duas humanidades pré e pós-fenômeno – em verdade, um acidente provocado por esquema factível, possível, de poderosa empresa de aparelhos de comunicação. Factível, possível, não obstante surreal.
Fatos alarmantes antigos são recuperados a fim de fundar fatos atuais, sempre com elos perfeitamente aceitáveis. Tais elos vão se formando e construindo o clima final. Que, em verdade, pode ser o início.
Seria natural que a estória em si fosse considerada conjunto de apologias contrário às religiões e à Religião. Contudo, não se trata disso. As personagens agem em cenas que observam a necessidade humana por religiões de maneira cordata, coesa. Não há críticas desnorteantes, apenas oferta de ângulos de análise menos apaixonados e mais lógicos.
O leitor pode se perguntar, ao fim da leitura, se o que leu deve mesmo ser encarado como literatura e não como narrativa documental.