O livro se propõe a examinar como, em diversas épocas, o homem vem tentando dialogar com o além, imaginando e construindo sistemas e mundos paralelos em outras dimensões que o permitam prosseguir na jornada da sua existência. Veremos que essa preocupação nasceu na aurora da humanidade, se solidificou com o advento das religiões e foi criando ritos, tabus e regras morais. Definidas pelos seus próprios oráculos, essas normas foram sendo quebradas quando escrituras se constituíam em obstáculos para o objetivo maior da salvação da alma e da existência. A premissa deste estudo sugere que a força do poder individual e da acumulação de riquezas arrombou todas as portas fechadas pelos livros sagrados e impôs uma realidade que as religiões de origem judaico-cristãs não conseguiram evitar, e do que acabaram tirando proveito. Nessa linha, a obra examina testamentos de traficantes de escravos e agiotas que viveram na Bahia nos séculos passados e como eles tentaram salvar as almas libertando escravos, doando bens e dinheiro a instituições religiosas e pedindo em troca a celebração de milhares de missas para que pudessem escapar do inferno, apesar da vida pecaminosa.
Em 2014, o livro recebeu a medalha de prata, categoria ensaio – prêmio Viana Moog – no Concurso Internacional de Literatura da União Brasileira dos Escritores – UBE.