Localizado na Patrologia Latina 184 com o nome de Meditationes piissimae de cognitione humanae conditionis, já no seu início, há nota explicativa pondo em xeque a autenticidade, quanto à autoria de São Bernardo de Claraval. Talvez, por isto, tenha havido certo distanciamento, por parte dos estudiosos, temerosos quanto à determinação de elementos de moral cristã ao santo de Claraval, sem segurança de origem. A nota resume-se na dúvida sobre o modo de demonstração pessoal da culpa e do pecado – presente no texto, contrariando uma posição distinta, autenticamente de São Bernardo, e presente no capítulo XVIII do De gradibus humilitatis. A desconfiança aumenta quanto ao uso de alguns versos no meio do texto, como complemento da prosa intimista das Meditações. Pela nota, tais elementos aparentemente afastar-se-iam do estilo comum de São Bernardo de Claraval.Por outro lado, o texto está inserido na Opera Omnia de São Bernardo. E uma leitura assídua mostra sua coerência com o pensamento filosófico e moral do cristianismo e principalmente da filosofia cisterciense. Há flagrantes aspectos monasteriais em cada lição, corroborando o ideário de São Bernardo, transmitido, ademais, em outras obras como o Opúsculo Sobre o Livre Arbítrio. Esta substância temática do texto, independentemente de elucubrações sobre sua origem, mostra-se de relevante importância para o estudioso da filosofia moral do século XII, bem como para o estudante de filosofia contemporânea, afundado em perspectivas relativistas; confundindo a ação boa com a útil, a salvação, com bem estar político-partidário.Optei não por uma tradução literal do texto, mas – sempre que possível – pela construção de uma versão fidedigna com o original latino, e também capaz de transmitir a finalidade última do seu antigo autor. Daí uma preocupação mais com o sentido substancial, e menos com uma reprodução mecânico-textual, sem corroboração estética aprazível.