Este livro é parte de um trabalho de mestrado resultante de alguns anos de experiência como psicóloga e pesquisadora em Unidade de Saúde da Família, estratégia implantada pelo Ministério da Saúde brasileiro em fins de 1990, com o objetivo de reorganizar os fluxos da atenção básica na Saúde. Trata da temática a respeito dos cuidados do HIV/Aids no que se refere ao nível primário de atenção.
No ano de 1994, o Ministério da Saúde brasileiro implantava a Estratégia de Saúde da Família (ESF) visando à efetivação de ações do Sistema Único de Saúde (SUS), definindo o trabalho de uma equipe mínima no nível básico. Tal Estratégia se configura como uma política pública que tem como proposta central a reorientação do sistema de saúde, com ênfase na produção do cuidado integral. O Agente Comunitário de Saúde (ACS) emerge, neste contexto, como um ator importante na interface entre a comunidade e o serviço de saúde, por ser, obrigatoriamente, um morador do território de abrangência e membro da equipe. No que se refere à Aids, esta conta com uma história recente e marcada por importantes transformações, configurando-se como um desafio para os profissionais da saúde. Neste contexto de atenção, as transformações da epidemia do HIV/Aids, principalmente em relação aos avanços na qualidade de vida de pessoas soropositivas, têm gerado a necessidade de novas ações frente à doença.
No Primeiro Capítulo apresento uma breve contextualização do HIV. No Segundo Capítulo, realizo uma descrição do Sistema de Saúde Brasileiro, em especial, a atenção básica e o trabalho do Agente Comunitário de Saúde. O Terceiro Capítulo convida o leitor a conhecer o contexto, as vozes que perpassam os diálogos, situando uma breve apresentação dos participantes e os fundamentos que sustentam o olhar interpretativo. A partir de reflexões sobre a construção do trabalho no nível da atenção primária, no que diz respeito ao HIV/Aids, apresento, no Quarto Capítulo, a possibilidade de olhar para as vozes sociais presentificadas no grupo e nas ações em saúde, contribuindo para reflexões sobre os sentidos construídos acerca do HIV/Aids e da sexualidade; apresento, ainda, algumas mudanças a partir da interação e das negociações dos sentidos, no que se refere às questões de gênero e prevenção.
A possibilidade de negociação dos sentidos colocou em diálogo a diversidade, bem como a importância de se considerar a multiplicidade em saúde. Considero que o trabalho de cuidado / acompanhamento em HIV/Aids desenvolvido na comunidade ou junto ao portador e no seu contexto de interações, ainda se configura como um desafio, principalmente quando o trabalhador, também é um morador dessa comunidade, que está imerso nas relações com vizinhos/famílias visitadas.