Certo dia andando na rua anterior à Rua 28 Oeste, entre a Quinta e Sexta Avenida, a famosa Tin Pan Alley, onde se estabeleceram grandes estúdios produtores de música popular americana, topei com uma ratazana de tamanho desproporcional:“Deve ser rato americano alimentado com restos de hambúrguer e bacon”, deduzi.Próximo a um contêiner de lixo, o bicho parou e olhou altivamente para mim com um par de olhos luzidios e arregalados, supondo, certamente:“Deve ser um humano desnutrido dos trópicos”.…Quando eu estava a certa distância dos containeres de lixo, e a chuva principiava a engrossar, ouvi o assovio de uma canção bastante conhecida. Virei num átimo de tempo e vi o nobiliárquico roedor em pé, trajando fato azul de lã, chapéu borsalino na cabeça e guarda-chuva no ombro, cantando e bailando em plena bátega, de braços abertos e olhar malicioso:“I’m singin’ in the rain…”
Um relato de viagem definitivamente diferente, descontraído, bem-humorado e, concomitantemente, reflexivo, contemplativo, inteligente e instigante.