TOdos os romances e novelas de J Humberto Henriques funcionam de maneira suspicaz. Funcionam com o impacto de um torpedo. Os romances passaram a exigir mais acurácia do autor e, consequentemente, do leitor. Uma certa preocupação social que mergulha mais e mais no texto, sem fazer, entretanto, que o objetivo romanesco e estético seja perdido. Diante desses argumentos muito visíveis em toda a obra do autor, percebe-se a maturidade que vem aflorando a cada dia. Quando se pensava que o romance de J Humberto Henriques tinha atingido sua ascensão máxima com a novela em 9 volumes, A Tragédia Humana, eis que vão surgindo novos textos em poesia e prosa, uma saraivada de compêndios que acabam por amordaçar essa possibilidade de estagnação do autor. Então, não se sabe até onde se dirigirá a extensão dessa Arte. Nesse romance muito moderno, Henriques deslinda a reação social diante de todos os eventos mundanos de hoje em dia. O Título desafia a percepção do leitor para uma palavra que não existe no vernáculo ordinário. O que seria essa Linfomania. Onde seriam ou estariam As Bagas da Linfomania? Então, adiantando o expediente sobre a questão vernacular, de se explicar que na verdade é a Ninfomania que é aqui é tratada. A Ninfomania em seus termos todos, os mais estratégicos do ponto de vista psicossocial. Ocorre ao autor transformar o termo com a a simples altercação de uma letra, a finalidade disso é tornar o arcabouço do título mais compatível com as suas personagens. Na verdade, trata-se de um chiste. Da mesma maneira, todos os mineiros costumam fazer alguma alteração nas palavras quaisquer que lhes saem da boca. Mormente quando há a influência dos negros, que eles são deveras promotores dessa oxigenação e doçura nas palavras. Esse é um livro com tema urbano, condensado e sem perda alguma do texto quando se considera a necessidade simples da narrativa mostrar suas garras. assim como no título vigora o chiste, em todo o enredo novelístico esse fator prepondera. Trata-se de um humor reinado, com exposição da banda amarga da existência, de tal sorte que tal mistura revela o cotidiano dos tempos modernos, quando o homem praticamente se esquece das razões principais da sua existência para se encaixar no domínio do consumismo de massa e demais deteriorações de caráter. A dizer a verdade, o autor faz questão de determinar esses pequenos equívocos humanos através da releitura dos fenômenos de natureza psicossomática que envolvem todas as personagens em curso. isso gera conflitos no texto. O estilo é propriamente henriquiano e não destoa dos romances anteriores. a qualidade permanece a mesma e sem equívocos. Entretanto, aqui nesse As Bagas da Linfomania, as personagens exibem individualidades que parecem fragilizadas pelo sistema reinante em fim de um século e princípio de outro. A introspecção que se retira do caráter década personagem descrita não faz parte das bandas compulsórias do autor e sim ficam a critério do leitor ou da crítica. em outros termos, o escritor não mete o bedelho da história. O livro todo segue um cortejo uniforme e não sai em momento algum de sua linha de criação original. Personagens amargos. Desiludidos com as crenças e com as possibilidades de progresso da alma humana. Esse livro acusa a sociedade e os movimentos culturais e contraculturais de alienação e desperdício de valores. Concluído no final do ano de 2017, o romance vem de uma produção ainda muito densa e ativa do autor. Dentro da moderna literatura brasileira, talvez Henriques seja o produtor mais ativo e que, apesar disso, não abandona jamais os termos de sua qualidade, preocupação que norteia a sua literatura desde o princípio de sua escrita, nos idos do século que passou. passou. Estamos diante de um livro maiúsculo. Quando se tem a ideia de que o estilo do autor é a tradução completa de uma obra ímpar, aí sim, pode se analisar todo esse conjunto sem medo maior de haver perdas no momento máximo de alguma conclusão. Estamos diante da geni