Numa linguagem romântica e épica, Edmondo d’Amicis dá-nos uma extraordinária lição de ética e um belo testemunho dos princípios e dos valores que, 50 anos depois, dariam corpo à Declaração Universal dos Direitos Humanos. Passaram cento e vinte e cinco anos depois da primeira edição de Coração! O significado e a importância que d’Amicis atribui a valores como a amizade, o caráter, as coisas conquistadas com esforço, a necessidade de aprender e de saber, a família, a coragem, a injustiça e a brutalidade do trabalho infantil estão evidenciados nesta obra, ainda que de forma subtil. Num tempo como este, Coração é seguramente leitura oportuna e indispensável, também para adultos.
Violante Saramago Matos (extraído do Prefácio)
Edmondo d’Amicis, jornalista, ensaísta e escritor italiano (Imperia, 21 de outubro de 1846, Bordighera, 11 março de 1908), cumpre a sua escolaridade em Cuneo, e prossegue os seus estudos em Turim, até aos dezasseis anos, altura em que se inscreve no exército, na Accademia Militare di Modena, onde se vem a tornar oficial. Retira-se da vida militar depois de ter participado na campanha de 1866, assistindo à derrota dos Savoia na batalha de Custoza, devido a inferioridade numérica perante o inimigo. A utopia ideológica do romance Coração pretende uma total unificação cultural e linguística de Itália, um território multifacetado onde impera uma multiplicidade de dialetos, e embora o texto seja redigido em toscano, a língua oficial de Itália, ocasionalmente pontilhado por napolitano, veneto, lombardo, cria a ilusão de uma Itália unificada linguisticamente.