Morador novo em uma cidade do interior, Rique podia ver, da janela de seu quarto, a casa no final da rua. Era uma casa diferente das demais. Velha, descuidada, de janelas que possuíam cortinas sujas e rasgadas e algumas vidraças trincadas. O jardim seco, sem flores e a pintura descascada, davam a impressão de estar abandonada. Em cantos das paredes via-se, mesmo à distância, o mofo e, em algumas partes, o reboco caído denunciava os tijolos velhos e quebradiços da estrutura. À frente, uma árvore fina que parecia tão ou mais velha do que a própria casa deixava cair suas folhas secas, que cobriam parte da calçada. Ele sabia que não deveria entrar naquele lugar, mas o resgate de uma pessoa querida não lhe dava outra alternativa.