Esta publicação marca uma etapa importante dos trabalhos da Associação Águas Claras do Rio Pinheiros, entidade criada para dar forma e força ao diálogo que permitirá uma ação concertada entre os muitos interlocutores que têm alguma forma de interesse e de convivência com as águas deste rio.A curiosidade geral sobre os problemas que afetam as águas de nossas cidades se reveste, com frequência, de certa perplexidade: como se deu que a metrópole, que dispõe dos recursos humanos e financeiros mais significativos e que é a melhor estruturada do país,chegou a degradar suas águas a ponto de se envergonhar de seus rios e córregos?Perdemos o contato direto com as águas, deixamos de usufruir de grande parte de seus benefícios, acabamos por nos habituar com a sua degradação como sendo apenas mais uma de tantas mazelas de que as nossas grandes cidades sofrem.Ao longo do tempo, olhamos com desconfiança e descrédito as lentas e penosas tentativas e esforços para a recuperação dos rios da metrópole. Porém, é fundamental manter o empenho e o foco, porque a boa qualidade das águas é uma causa que pode e deve mobilizar a cidade, as pessoas, as empresas e governos.A Águas Claras quer criar as bases para que essa seja, de fato, uma causa, ou seja, um objetivo comum que nos permita estabelecer estratégias realistas, mas audaciosas. Para tanto, é preciso dar densidade técnica à demanda social pela recuperação das águas, que ainda é difusa.Há conflitos de interesse a esclarecer e dirimir, há escolhas a serem feitas, há questões técnicas complexas a serem equacionadas. Esta publicação traz, portanto, uma contribuição para que esse diálogo ganhe consistência, avance no desenvolvimento de uma cultura comum, provocando o amadurecimento das melhores escolhas.