As criaturas do mar choram pela precoce partida do Aylan e Galip. Elas tiveram o zelo de trazê-lo à a terra firme, desfalecido, sucumbiu na viagem. A terra que não queriam ver partida, saqueada, destruída e impedida de vê-los brincar, crescer, amar. As criaturas do mar choram pela inaceitável partida do Aylan e Galip, bem que tentaram salvá-lo, mas na praia ele será a imagem mais viva e forte da tragédia que imigração forçada de milhares de seres humanos, na longa, penosa e trágica sanha pela busca da liberdade.As criaturas do mar choram pela incompreensível morte destes anjos, mas sabem que poderá abrir as portas e o refúgio que têm sido negados a milhares que fogem dos horrores da guerra – as crianças sempre são as suas maiores vítimas. As criaturas do mar choram pela dor incomensurável de Abdullah, pai de Aylan e Galip, pois quis o destino que seu corpo inocente chegasse à praia na Turquia para que esta imagem de mártir pudesse chegar a todos os lares; quiçá venha sensibilizar os governantes de países que fomentam esta guerra fratricida, pois são os mesmos que lhes reservaram o trágico destino.Em um misto de indignado e emocionado escrevi este texto em 5 de setembro de 2015, em homenagem a Aylan e seu irmão Galip e a tantos milhares de crianças e pais anônimos. Seres humanos que perderam a vida nesta sangria desatada, armada e odienta de uma guerra de irmãos contra irmãos, mas que serve a muitos interesses bélicos e de gente que enriquece e se empodera com a desgraça e a ruína do povo.Espero que estes versos possam tocar o coração e a mente de todos aqueles que não só acreditam, mas que também fazem da sua existência uma busca, um sentido para a vida humana. Neste livro registro impressões colhidas ao longo da vida, como instantâneos fotográficos tanto de situações reais, quanto de sonhos e fantasias que são marcas vívidas de minha própria trajetória.Através da poesia, é possível fazer uma conexão com todas as coisas, é um movimento que ora entra em espiral, buscando adentrar a alma humana, contraindo, ora sai da espiral, buscando conhecer o entorno da vida de relação, expandindo. Caro leitor, se me conceder o privilégio da leitura desses textos poéticos, me sentirei muito feliz pela experiência de compartilhar alguns momentos especiais “pintados” no teclado da vida, sobre seres e situações especiais. Os versos que formam os meus poemas já não pertencem mais ao poeta, são quadros em folhas soltas que traduzem o sentimento humanista, profundamente identificado com as vulnerabilidades e fragilidades da vida humana e comprometido com as transformações do mundo. Se com a sua leitura crítica isto vir a lhe ocorrer, o poeta terá atingido o objetivo da arte. Muita Paz profunda! Feliz Natal de 2016.“Um livro é como uma árvore que vai adentrando o solo com suas raízes e, expandindo-se generosamente em galhos, com folhas, frutos, sementes e sombras; sentindo e demarcando as estações da vida” (Alberto Araújo, In: O Farol e o Mar, Versos Místicos, Natal de 2015, Amozon.com).AjAraujo, o poeta humanista.