Os dias e as noites não são travessias desprovidas de profundos temores, sobretudo quando inquietações de natureza extraordinária começam a afetar a vida de Guilherme, um homem comum dedicado ao trabalho da tradução de livros.
O que buscamos, na verdade? Parece que não formamos jamais uma ideia conclusiva sobre essa questão. Há implícita no texto uma metáfora sobre os monótonos e, no entanto, inquietos ou mesmo violentos dias do homem na Terra, o que o leva continuamente a buscar uma espécie de fuga da vida.
Em consequência de sua luta com algo que se revela extranatural e se coloca acima de sua capacidade de compreensão, é possível admitir que o homem não está só, porém não em termos de universo, mas em sua dimensão terrena. Guilherme, um indivíduo pacato e despretensioso, passa a enfrentar atribulações de ordem incomum em sua vida diária e, sobretudo, em suas noites. Apesar de seus percalços, não perde a esperança de se libertar da inusitada situação que se apossa de sua existência. O desfecho, contudo, não pode ser considerado libertador.