Canto o cerco otomano a Famagusta,E a jornada de seis aventureiros,Que embora a História jure, ainda me custaAcreditar que foram verdadeiros.Em Chipre não estiveram Vênus, Juno,Ou qualquer deus propício ou inoportuno,Mas dos homens somente a dura mão,Sua cruel e implacável ambição.
Musas! Não abandonem a memóriaDos tantos que morreram esquecidosPelas pátrias de inércia decisória,Surdas a seus patéticos pedidos.Tanta corrupção e impiedade,É bom que do Parnaso alto se brade,Mas se dele não vier a quista ajuda,Que o inferno nessa empresa então me acuda.
E não de outro lugar aquele seisSocorro a Famagusta buscarão,Para a morte imprimindo novas leis,E à roda da Fortuna rotação.Vagando pela eterna profundeza,A honra cipriota farão ilesa.De um homem o quanto a alma seja nobre,Nas entranhas da terra se descobre.
Guerreiro, mago, bárbara, ladrão,Arqueiro e explorador farão jornada,Por via soterrânea seguirão.Ao fim do vale enxergam dela a entrada.Terríveis armadilhas e criaturasInspiram as suas almas com bravura.Não temem por sua vida ou sanidade.Irão descer até a infernal cidade.