O grande poeta Rainer Maria Rilke diz, em carta a um aspirante a literato, que basta poder viver sem escrever para não mais ter o direito de fazê-lo. A poesia, assim, tem um sentido primeiramente a quem escreve. Assim se sucedeu com Frida Khalo, a quem não passava pela cabeça deixar de pintar e a quem vemos desnudada em suas pinturas, com as vísceras expostas a qualquer olhar que cruzasse com sua arte.De igual forma, esta obra é, em parte, um desnudar-do poeta que julgo estar, uma imagem obtida de ultrassom que penetra a pele, tendo a poesia como a tecnologia única capaz de evidenciar, ainda que disforme, traços de minha alma.Nascida das tensões entre a vida e a morte, entre Deus e o mundo, entre a presença e a ausência, entre o EU e a poesia, os poemas que se seguem são um espelho translúcido, onde espero que o leitor possa ver-se ao ver-me e ver o mundo que exibo através desse vidro sujo dos meus poemas.