Renato Russo não foi apenas um letrista, um poeta da música, mas também um grande contador de histórias. Em “Faroeste Caboclo” defendeu João de Santo Cristo como quem defende a tese da bondade humana natural de Rousseau. Caminhou com desenvoltura entre o racionalismo socrático (vide Há Tempos) e o emotivismo nietzscheniano (vide Sereníssima) passando às vezes pela serenidade epicuriana (vide Soul Parsifal), sem deixar de bradar, como Marx, contra as injustiças sociais (vide Fábricas). Mostrou a luta da mulher hoje ao nos apresentar Leila, além de nos pôr diante da dificuldade dos homossexuais viverem numa sociedade preconceituosa (vide Daniel na Cova dos Leões), além de narrar a história da jovem em depressão (vide Clarisse) e do jovem Jonnhy que buscou a morte como meio de suavizar a dor por um amor perdido (vide Desesseis). Não deixou de lado histórias de amor felizes e reais como a do casal Eduardo e Mônica. Platonicamente, vislumbrou em Natália um mundo possível. O presente livro tem somente a pretensão de ser uma passarela por onde desfila estes personagens e contar de uma forma as narrativas de Renato Russo, pois em se tratando deste contador de histórias nunca é demais mais do mesmo.