Situada nos confins de Pacó Baçu, a pequena cidade de Vila K. Fundós é palco das ações de personagens simples, mas, nem por isso, simplórios, que tecem o cotidiano desse país marcado por idiossincrasias sui generis. Neste espaço ficcional, personagens negros protagonizam acontecimentos, nos quais, de forma inédita na literatura brasileira, eles se desdobram como indivíduos com voz, com vez e sem cor, repelindo o culto ao estereótipo, sem cair no panfletário.
O ainda não dura para sempre tem seu principal eixo temático centrado na ambiguidade vivida pela Venda configurada entre a sua dimensão física e a dimensão ideológica do Armazém. É nesta perspectiva dialética que o texto critica e questiona a pretensa hegemonia de discursos policialescos, controladores e cerceadores do direito à dissensão, com os quais seus adeptos estigmatizam pessoas e pensamentos destoantes do viés politicoideológico dos discursos que proferem.