“Hoje, bastam quinze minutos para nos convencermos de que somos gênios. Basta olhar o que os outros publicam sem qualquer constrangimento em seus perfis para termos certeza de que nosso ponto de vista sobre o assunto (sobre qualquer assunto) é muito mais sofisticado e de que nos bastariam duas ou três frases irrefutáveis para demonstrar isso cabalmente. Umberto Eco tinha razão ao dizer que o Facebook deu voz e visibilidade aos idiotas, mas o que ele não percebeu foi o fato de que os idiotas são sempre os outros, e a maior prova disso foi o fato de a frase de Eco se tornar um hit imediato e irresistível, porque naturalmente todos se identificaram com Eco, o gênio erudito, e ninguém com o idiota que ele criticava — e que talvez, no fundo, fosse apenas ele mesmo”.Com verve e agudeza, Aurélio Pinotti demonstra de forma contundente as consequências da onipresença das redes sociais no mundo contemporâneo. Através de cinco “deformações”, damo-nos conta da forma como nosso próprio modo de pensar é alterado irresistivelmente por esses dispositivos.