Quando pensei na continuação da jornada de Shimon – iniciada em “Vir a Ser: Jornada que Transforma” – minha intenção foi levar o leitor para dentro de uma vivência do cotidiano deste personagem, e sua aventura do viver. Esse “viver” compreende – na minha opinião – o nascer e o sobreviver, individuando-se, integrando-se, autoconhecendo-se e por fim, tornando-se autor de sua própria obra. Acho que também é aquela resposta – “sou eu” – que Édipo deu à Esfinge quando, no mito de Sófocles, o rapaz herói precisou responder sobre si, sobre sua jornada existencial. Em suma, tornando-se inteiro, ouvindo e sentindo um diálogo (ou diálogos!) mais acolhedor e criativo, entre consciente e inconsciente, o nosso personagem, que também é aquela porção que nos habita, vai navegando pelas águas desconhecidas do processo do vir-a-ser. Seus segredos vão tornando-se dessegredos. Neste pequeno conto, Shimon permite-se aceitar a homoafetividade e com isso tornar-se ainda mais completo.