Carvalho, belo carvalho, não me expulse. Se eu descer, os lobos que correm na noite irão me comer.– Saia, Emmi, saia! – retrucou a voz, ainda mais suave.
– Belo carvalho falante – Emmi retrucou também, num tom de súplica -, não me mande para os lobos. Você me salvou dos porcos, foi bonzinho comigo, continue assim. Sou um pobre menino infeliz, não posso nem quero lhe causar mal algum. Acolha-me esta noite: se quiser, irei embora pela manhã.
A voz não retrucou mais, e a lua prateou brandamente as folhas. Emmi concluiu que lhe fora permitido ficar, ou, então, que sonhara as palavras que pensava ter ouvido. Adormeceu – e, coisa estranha, não sonhou mais e dormiu a sono solto até o amanhecer.”______________________________________________________
Escrito no século XIX, O carvalho falante conta as aventuras de um guardador de porcos que, para fugir de uma vida de rejeição e sofrimento, passa a viver no oco de uma árvore encantada.