Após a morte, algumas almas depois de abandonarem os seus corpos, perambulam pelas ruas das cidades onde viveram; essas são as almas penadas. Ao contrário destas, outras almas se dirigem ao porto mais próximo e ficam à espera de uma barca que possa levá-las ao Céu. O problema é que nem sempre a barca chega ao seu destino. Ao navegar por mares “nunca d’antes navegados” a barca é assaltada por piratas, que têm como objetivo vender as alminhas incautas aos infernos de Belzebu!
Na sua viagem ao Céu, Pedro toma consciência de um mundo que jamais pensara existir: o mundo das criaturas das águas, elemento natural ao qual pertencia e em que navegou com o seu barco antes de ser pescado pelo Messias.
Na peça o Reino das Águas seria o reino pagão habitado por ninfas, entidades míticas de natureza sedutora que Pedro tem que enfrentar. Daí que, para chegar aos céus com suas alminhas, Pedro corajosamente se amarra ao mastro de Homero e, sem a astúcia de Ulisses, mas com o coração aberto à escuta compreende o porquê do canto melancólico das sereias pelos rochedos…