Imagine uma sociedade onde as barreiras entre os setores sociais se tornassem permeáveis: o primeiro setor (o Estado) “contaminaria” o segundo e o terceiro setores (o mercado e a sociedade civil), e vice-versa. E, na sequência, as mídias de massa e as redes sociais, como quarto setor, passariam a ocupar os espaços de debates e a influência recíproca junto aos outros setores. E, para completar o processo de interação, as universidades, como produtoras dos conhecimentos e quinto setor, incluiriam os agentes e os beneficiários dos saberes, abarcando os mais diversos estratos sociais. Adicione a este cenário a transição de um sistema representativo para um participativo, dotado de uma progressiva valorização do ser humano individual e coletivo. Eis onde se inserem os temas abordados pelo livro de Maria José da Costa Oliveira.
Neste mundo imaginado para a vivência de cidadãos, as corporações passam a se envolver em atribuições antes restritas ao Estado, à sociedade civil, às mídias e às universidades – sem perder, contudo, sua ótica de mercado. Como isso é possível, eis o desafio de pesquisas e teorias em vários fronts do conhecimento humano. E este mesmo processo se repetiria para cada um dos referidos setores, que passariam a herdar características que, antes, “desconheciam”. Essa “polinização cruzada” implicaria, contudo, em algumas possibilidades e perplexidades. Por exemplo, a maior ou menor distinção entre o público e o privado; o institucional e o pessoal; o estatal e o não-governamental; o societário e o societal; a propaganda, o marketing e a publicidade e a comunicação pública; o lobby e a comunicação política; etc.