Não há maldição maior para um pensamento do que a sua estagnação. A minha filosofia faz de tudo o que virou entulho e lixo, na escultura da obra do Pensamento Ocidental, novos altares para outras catedrais da compreensão humana sobre a sua existência . Por isso, é uma filosofia que evoca as profundezas do ordinário e não as alturas do extraordinário. Debruça-se sobre o elementar e se espanta com o óbvio. Devolve a perplexidade ao simples, mas uma simplicidade amante da riqueza e anfitriã da complexidade. Pois nesta cabeça, a do filósofo-rei, a coroa é feita de terra – o húmus dos acontecimentos humanos – e não das estrelas – ideias objetivadoras do real.A fé que muito quer ver tornar-se cega. Pois, a fé deve respeitar os mistérios que a razão não logra esclarecer e nem deve depender da decifração do universo para se justificar. Uma fé que tem na dúvida não sua antítese, mas sua mestra e que se exime da certeza plena como meio de redenção. O ato mais humilde que um homem pode ter na vida é sentir orgulho de si. Não um orgulho da ostentação, mas um orgulho de quem disse sim para a vida. De quem afirmou a vida em todas as suas adversidades. A vida só se acalma no fogo. A vida tem o aroma da pólvora e da alfazema.Razão imperfeita sugere um pensamento estético como potência hermenêutica e de transvaloração das nossas tradições. Sim, é possível construir outros valores que melhor respeitem nossa natureza, pois a natureza não pede sacrifícios, mas gozo, prazer de viver. O que perdemos do pensamento? Seu movimento bailarino que sincroniza com a dança da vida e é isto que o livro Razão Imperfeita trombeteia aos sete ventos. Pensar tudo que foi pensado, penetrando até às raízes e arrancar e incinerar tudo o que não está a favor da vida, eis o seu desiderato. É preciso criar novos pensamentos para gerar melhores humanidades. Razão Imperfeita é uma racionalidade que contempla o múltiplo e faz da diferença ontológica e do caos existencial novas auroras para a transfiguração de uma cultura que já se anuncia crepuscular. Não é excludente como se caracteriza a razão perfeita que apresenta um discurso contranatureza. Razão Imperfeita é uma razão do corpo, de nossos instintos, razão das florestas, razão da vida. Não é uma razão pura, mas das impurezas; é uma razão híbrida.