“Poder” e “Livro”, na época dos livros manuscritos medievais, eram aspectos intimamente imbricados. Escrever ou editar um livro, possuir um livro, ter acesso a ele, ter o direito de permitir ou interditar o acesso de outras pessoas ao livro, ou simplesmente conseguir compreender o que diz o livro nas suas várias camadas de sentido, constituíam uma complexa rede de poderes e micropoderes que se distribuía de maneira desigual por entre os diversos sujeitos culturais e sociais. A presente obra examina esta inter-relação entre “poder” e “livro” através dos ‘livros de linhagens’ portugueses dos séculos XIII e XIV. Na primeira parte, são examinadas as relações entre poder, sociedade e o texto dos “livros de linhagens”. Na segunda parte, a análise é direcionada para as relações entre poder, sociedade e o livro enquanto objeto concreto submetido a controles sociais diversos. São analisadas as estratégias editoriais, autorais e leitoras envolvidas na produção, circulação e recepção dos livros, nesta época em que a imprensa ainda não havia sido inventada.