Poemas do Cabo é o resultado de uma experiência de vida entre os autores e o extremo Sudoeste de Portugal, uma região que concentra características únicas, poderosas e selvagens, que influenciaram desde sempre os homens. Os cabos de Sagres e de São Vicente, eram o final do mundo para os navegadores e viajantes da Antiguidade. Estrabão, geógrafo e historiador grego contemporâneo de Cristo, diz na sua Geografia “Este é o ponto mais ocidental não só da Europa, mas também de toda a oikoumene (mundo habitado)”.Os conceitos de Cabo e de fim do mundo estão definitivamente ligados a esta região, morada de deuses e seres míticos, guerreiros e navegantes, pescadores e caçadores de baleias, viajantes, aventureiros, escravos, escritores, homens e mulheres resistentes num território onde a terra e o mar se misturam em horizontes panorâmicos tingidos por luz e cor.Este poemário expressa um exercício de visitação a temas e lugares-comuns da mitografia nacional e dos Descobrimentos, imortalizados por Damião de Góis, Camões ou Pessoa; faz uma invocação a antigas memórias que a região exala, sacralizada e ritualizada desde a Pré-história, onde até o vento parece soprar episódios heróicos, e termina com um pequeno registo autobiográfico. As fotografias que acompanham os poemas captam toda a beleza da paisagem e a essência do território, conciliando a expressão plástica das imagens com as palavras.