Como celebração ao bicentenário de sua morte, este livro é uma homenagem ao Marquês, analisando sua ideologia sobre a imagem feminina no contexto de suas obras e percorrendo o lado humanista e visionário deste escritor tão enigmático e mal interpretado pela sociedade burguesa do século XVII, a qual o mesmo pertencia. Durante muito tempo Sade foi chamado de “monstro” e sua obra era considerada “maldita” e “pornográfica”. Porém, quando finalmente suas obras ressurgiram dos escombros do esquecimento, podemos elucidar que na realidade, sua voz que emergia de dentro do Hospício de Charenton, seria nada mais e nada menos, como protesto em favor da liberdade e dos direitos da mulher, que era vista apenas como um ser inferior ao homem, pela sociedade europeia.
Dominadora, perversa e decidida – Eis as características da imagem feminina no século XVIII, através do contexto literário do autor humanista e filósofo Donatien Alphonse François, o enigmático Marquês de Sade.
Feminista por natureza, o divino Marquês se predispôs em revelar mediante seus textos, a mais perfeita conjunção do erotismo com a sensualidade feminina, relacionando tais características, com o domínio da mulher nas relações amorosas e sociais – e um ser muito mais perspicaz e inteligente, em relação ao homem.
Diante tal visão, Sade deixa de imaginar a mulher como um simples objeto de beleza e ingenuidade, e suas obras se transformam em atos de protestos contra os preconceitos abundantes e a desigualdade dominante sobre a massa feminina, justamente (ou ironicamente) no período entre o Iluminismo e o Romantismo. Toda a exuberância do erotismo feminino em Sade emerge dos escombros, graças ao esforço de mestres, filósofos e adoradores da arte literária. Guillaume Apollinaire, que conseguiu revelar para o mundo, a literatura sadiana através do surrealismo e da modernidade.
Talvez seja por isso que Sade ainda perdura como precursor dos direitos humanos e influenciador da liberação sexual feminina, já que a educação do século XVIII era subversiva em relação às mulheres, e a sociedade não aceitava que a mulher se libertasse das correntes do tabu. Exatamente como ainda ocorre, pelo mundo afora.