A morte de um filho desperta o sentimento de compaixão pelo sofrimento da mãe, que dilacerada diante da imensurável perda, transforma-se no principal personagem desse drama. Como irá sobreviver essa pobre criatura depois de sentir “a maior das dores”, torna-se a preocupação de familiares, amigos e até desconhecidos.Nesse doloroso cenário a figura paterna é relegada a um segundo plano, provavelmente pelo fato da nossa sociedade “cobrar” do homem, desde a sua infância, uma postura que demonstre o quanto ele é forte e inabalável. Diante de tal contexto, como deve ser difícil expor fragilidades e dores da alma. Afinal, a vida continua e alguém, mesmo que despedaçado, tem de pagar as contas.Particularmente, não acho justo que avaliem a dor de um pai, pela perda do seu filho, como menor ou menos intensa que o sentimento de uma mãe, na mesma situação. O homem que planejou e desejou a vinda daquele filho com a sua companheira, que acompanhou os nove meses de gestação, que acordou na madrugada quando a bolsa estourou; que passou noites insones ao seu lado; que sofreu a cada febre daquela criança; que foi companheiro, parceiro, camarada, enfim; que foi realmente um pai para o filho, também estabeleceu um laço afetivo eterno, chamado de Amor Paterno. E ninguém tem o direito de desqualificar esse amor.Após o tsunami que passou pelas nossas vidas no início de 2007, e que é o tema deste livro, me vi como um barco à deriva, necessitando de uma rota e, mais que nunca, de alguém que fosse o meu leme. Apesar de termos sido as principais vítimas da catástrofe, um de nós precisava assumir o comando para que pudéssemos prosseguir. Quem nos acompanhou mais de perto, sabe o quanto eu fui amparada, acolhida, conduzida e atendida pelo meu marido. Foi necessário que ele, guardasse a sua dor para cuidar da minha por um bom tempo. Escrevendo, ele encontrou uma forma de expor os seus sentimentos.Este livro não é só o relato da perda de um filho pela ótica paterna, é a afirmação do amor incondicional de um pai pelo filho. É também a “catarse” que possibilitou o retomar de um novo caminho. Costumo dizer que Deus sempre foi Misericordioso comigo. Tenho muitos motivos para acreditar nisso, e ter você sempre ao meu lado, “… pro que der e vier comigo”, é um desses motivos Francisco Ribeiro Mendes.Prá você, todo o meu amor.
Alana Maria Teresa Alves Dias Mendes