“A Vida Cristã é muito mais que os delimitadores de uma instituição. Com esta frase, resumo algo que aprendi ao longo de minha jornada com Deus, para o meu próprio bem.”
Alguma vez você já sentiu medo? Não um medo qualquer como o susto que se toma de um amigo numa brincadeira, mas aquele que nos paralisa, que nos deixa sem ação, que nos faz prender a respiração e que nos faz torcer para que estejamos sonhando. Se você já passou por essa situação, vai entender muito bem qual é o meu sentimento ao escrever essas linhas.Posso dizer que nasci dentro da igreja e, muito provavelmente, aprendi a andar me agarrando em seus bancos. Depois de tantos anos vivendo a rotina da igreja evangélica, pude observar como nós humanos somos fracos. Muitos foram os escândalos, as mentiras, os jogos de interesse e poder, as oportunidades de corrupção, enfim, as maiores mazelas que se poderiam imaginar dentro de qualquer instituição que não a igreja cristã. Curiosamente, dentro desse mesmo período de tempo, também pude observar homens e mulheres honestos, que lutavam pela santidade, apoiavam-se mutuamente nos dias difíceis, mantinham comunhão nos dias alegres, permitiam o encostar do ombro amigo que em muitas vezes o eram mais chegado do que o de um irmão, se enchiam de felicidade por fazer o bem, enfim, viviam a expressão máxima daquilo que nem de longe parecia ser a mesma igreja que também praticava coisas horríveis que desagradavam a Deus. Engana-se quem pensa que a exposição dessas características se desfechará num discurso arrogante e repleto de acusações. A grande verdade é que ao tocar em assuntos tão profundos, levo em consideração a minha própria existência dentro da igreja, pois eu também contribuí para algumas daquelas mazelas. Portanto, o discurso aqui perde o tom acusatório para dar lugar à suplica de perdão a Deus e depois a tantos quantos eu feri em nome da instituição religiosa. Quem dera pudesse voltar no tempo e refazer algumas das minhas escolhas. Contudo, creio na graça de Deus que redime o erro do passado, que oferece a liberdade no presente e por toda a eternidade. É assim, com muito temor, que coloco em cheque algumas das nossas práticas cotidianas enquanto igreja. Espero sinceramente que o conteúdo do que será mostrado aqui encontre no coração de cada leitor não a imagem de um dedo em riste, mas a serenidade de um momento para a reflexão profunda do que estamos fazendo enquanto igreja e/ou no que nos tornamos ao longo do tempo.