“O Ladrão de Livros” é um convite a uma meditação interior, a uma viagem pela nossa solidão com um destino bem definido – a nossa redescoberta.É ténue a fronteira entre o sonho e a realidade. Realidade que nos conduz a uma paz e nos ensina a sorrir para a vida, independentemente das circunstâncias, dos nossos recalcamentos, dos nossos fantasmas…Matilde “sentia-se copiosamente sozinha. De si saía magia, não a sabia utilizar. No seu olhar encontrava-se a esperança de deixar toda a sua solidão.”David “sentia o corpo flácido e sem vontade. Há 28 anos que é assim…vivia alienado do mundo desde que os seus pais tinham morrido. Nunca recuperou dessa enorme perda.”Matilde e David não se conhecem, quiçá seja o contrário?! Ambos procuram a pulcritude, mas são dominados por um emaranhado de dúvidas, indecisões, receios…Matilde “perguntava vezes sem conta, se a sua vida seria infinitamente cruel…”. David via a sua “como um enorme quebra-cabeças – um puzzle que, na maioria das vezes, parece não ter solução. Precisava urgentemente de algo que pudesse ter um significado especial. Interrogava-se – afinal…quem sou eu? Um ladrão de livros?!”“Fechei os olhos, por breves instantes, tão breves que não dei conta, procurei memórias de infância, recordei como fui um miúdo feliz. Passei com o indicador por cima de toda a minha vida, percorri-a e revivi-a ali parado, num silêncio apetente – não me arrependia de nada, nem mesmo do meu interior. Teria por certo de o ajustar.” Um livro muito intenso e profundo, apodera-se de nós, da mesma forma que nós nos apoderamos dele… atira-nos para o meio de dúvidas, ao mesmo tempo que nos ensina a sobreviver a nós… É arrebatadoramente mágico! Indica-nos o caminho para aceitar e enfrentar as vicissitudes…e aprender a sorrir-lhes…”porque esse sorriso simboliza tudo com que costumo sonhar.”
Carlos J. Barros