Desde menino, Pericot Silva desejava ser escritor. Tentou, de várias formas, publicar um ou outro texto que escrevia em páginas do caderno escolar. Não recebeu respostas dos jornais e revistas para os quais enviava os contos, ensaios e, até mesmo, análises que fazia sobre o comportamento político do prefeito da cidade em que vivia. Com o advento do computador e da internet, resolveu fazer cursos. Começou aprendendo a digitar e, depois, foi se desenvolvendo até conhecer profundamente os mistérios da máquina que transformou o mundo.
Quando chegava a casa, após um dia exaustivo de atendimentos técnicos que fornecia na sua pequena empresa de consertos de computadores, sentava-se à frente do monitor durante horas e viajava pelo mundo. Sabia tudo sobre renomados escritores e os acompanhava em entrevistas virtuais. Adorava os que conseguiam vender livros. Admirava seus costumes e tentava aprender o que os autores falavam sobre as técnicas de escrever. O apuro técnico de informática permitiu que ele se iniciasse na invasão de sites de empresas e pudesse conhecer os segredos das instituições. Nunca pensara antes invadir os computadores dos escritores que mais vendem livros. A idéia nasceu de uma notícia de jornal na qual um “hacker” havia acessado o computador de um renomado escritor e roubado suas memórias. Naquela noite não dormiu tentando pescar alguma coisa dentre os sites que conhecia…