Pessoas de meia-idade, homens e mulheres indistintamente,a uma certa altura do seu amadurecimento deixam-se levar por recordações saudosas de seu tempo dejuventude e costumam retornar a lugares conhecidos e reviversituações passadas.Este comportamento de fuga é bastante frequente, principalmenteapós a perda dos pais ou parentes próximos. Estaé uma típica manifestação de crise da idade adulta perante ainexorabilidade da morte.O presente quase sempre é desagradável, apresenta umaalta dose de perigo e risco, uma vez que é sempre desconhecidoe imprevisível, sendo, frequentemente, um ato de desempenhosolitário. É natural que se busque nas lembranças detempos anteriores um referencial para reprisar acontecimentosbons, que, invariavelmente, acontecem na infância e naadolescência.Nestas viagens pelo tempo, quando se descobre que opassado já não mais existe ou as situações não são mais asmesmas, a possibilidade de frustração é muito grande.De modo geral, estas lembranças fazem parte da históriaencenada pelos pais e somente coadjuvada pelos filhos. Quandoisto não é verdadeiro e as ações rememoradas, foram iniciadase protagonizadas pelos próprios adolescentes, mesmo
assim todo o patrocínio, cenários, causas, consequências eresponsabilidades são creditadas a seus pais.Se, nesta viagem, é feita esta descoberta, assumindo-se aconsciência de que este passado não era todo e só seu e quenão se tinha nenhum controle sobre ele, percebe-se que a atualhistória do viajante é mais importante, pois é real e tem apossibilidade de transcender em futuro. Esta consciência éadquirida junto com a certeza de que se pode ser comandantedo seu próprio destino e não um turista em um roteiro delembranças.Nesta hora, deitar âncora no “aqui e agora” é o únicomecanismo de retomada da realidade.