Emquanto cá por fóra o povo em romaria Ia buscar ao campo a rustica alegria, Emquanto os beberrões de capa de cambraia Passeavam andor’s nos sitios d’Atalaya, Na torre negregada, a bastilha do mar, Uma tragedia triste estava-se a passar. Quem as ondas domou, domou o furacão, Da tempestade riu e zombou do trovão, Quem viu o vasto oceano em vagas tormentosas Tornar em vivo inferno um lindo mar de rosas, Quem nunca vacillou em arriscar a vida Sustendo do gentio a rude arremettida, Estava ali curvado, a fronte bem submissa, Com sede de razão á espera de justiça. Nas suas almas sãs de bravos marinheiros Todos uma familia, amigos e companheiros, Onde só a excepção pôz vis denunciantes, Trastes sem cotação, emeritos tratantes, Havia côr de rosa a lisongeira esp’rança De ver luzir no céo o arco da bonança. E quem estava ali ouvindo o julgamento, Vendo tudo cahir sem base ou fundamento, Quem via sossobrar a velha accusação De tetrica revolta ou negra sedição, Quem via que um protesto unanime, geral, Fôra do movimento a causa inicial, Calculava que o fim de tanta crueldade Seria um acto bom de generosidade